Maior eficiência nas aeronaves, na infra-estrutura, nos serviços de tráfego aéreo e em combustíveis. Com esta fórmula, a indústria da aviação pretende administrar parte da crise que se alastrou pelo setor deste o ano passado (2008), quando as companhias aéreas contabilizaram quedas acentuadas no tráfego de passageiros e de mercadorias, com perdas de US$ 5 bilhões e a suspensão de 35 companhias aéreas do sistema financeiro por falta de pagamento.
A primeira iniciativa foi investir em aeronaves modernas, com 20 a 30% mais eficiência no consumo de combustível e substituir os jatos mais antigos, além de tornar as operações dos aeroportos mais eficientes. Até novembro do ano passado, as empresas afiliadas à IATA – International Air Transport Association – adquiriram 1.037 aeronaves novas e estacionaram 881 antigas e ineficientes. A decisão contribuiu para melhorar a qualidade do meio ambiente, retirando do ar cerca de 15 milhões de toneladas de CO2, o equivalente a US$ 5 bilhões em economia com combustível. Além de renovar a frota, os planos da indústria incluem o uso de combustíveis alternativos, melhorias nos serviços de navegação aérea e a adoção de medidas econômicas globais que beneficiem o setor.
Neste cenário, os biocombustíveis surgem como a alternativa mais promissora para obter maior eficiência energética e reduzir em até 60% as emissões de carbono em toda a operação. A meta das companhias aéreas é utilizar 10% de combustíveis alternativos em seus jatos até 2017 e operar com um combustível 25% mais eficiente até 2020. No entanto, os avanços dependem – de acordo com a IATA – de encontrar o combustível certo. O novo combustível não pode concorrer com a alimentação pelo uso da terra, não pode prejudicar a biodiversidade e precisa atender às necessidades da indústria: segurança; alta capacidade energética; baixo ponto de congelamento; funcionamento na atual frota de jatos; possibilidade de mistura aos combustíveis existentes; e potencial para ser globalmente viável.
Alfred Szwarc, consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), explica que “ o etanol é uma das alternativas que vem sendo pesquisada especialmente para vôos regulares, de curta distância, onde as suas características energéticas podem ser melhor exploradas. Para vôos de longa distância, outras alternativas, também produzidas a partir da cana-de-açúcar, como o butanol e um produto similar ao biodiesel, vêm sendo avaliadas”.
O uso de biocombustíveis já está sendo testado pelas companhias de aviação. Em dezembro de 2008, a Air New Zealand e a Continental Airlines realizaram vôos experimentais para comprovar a viabilidade destes insumos e recentemente a Japan Airlines fez o mesmo (leia box). Com estas iniciativas, as empresas pretendem também colher informações para definir os padrões globais de especificação e de certificação destes produtos. A partir daí, poderão investir na produção destes combustíveis em escala mundial.
Além de investimentos em pesquisa e produção por parte da empresa, será necessário que governos e órgãos reguladores alcancem um consenso sobre as regras de certificação e façam isso rápido. O cronograma atual prevê a certificação até 2013, mas o desafio da indústria é antecipar para 2010 ou 2011. Governos como o do recém-empossado Barak Obama, presidente dos EUA, precisam também incluir o biocombustível nos planos de desenvolvimento de fontes de energia alternativas para o setor aeronáutico, a exemplo do que já ocorre no setor de transporte rodoviário.
Japan Airlines faz vôo-teste com biocombustível
A companhia aérea japonesa, Japan Airlines (JAL), fez um vôo-teste na quinta-feira (29/01/09) usando uma mistura de biocombustível feito de flores e algas. O vôo teste durou uma hora e foi feito com um Boeing 747-300, abastecido com mistura de 50% de camelina (uma planta que produz óleo), a flor jatropha e algas. Os 50% restantes com querosene de aviação normal.
De acordo com o consultor de emissão e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, este teste é mais um que vem sendo feito por empresas de aviação que têm como objetivo substituir parcialmente a demanda por querosene de aviação. “O uso do óleo de camelina mostra que existe interesse na busca de novas matérias-primas. Eventualmente, o bagaço da cana-de-açúcar também pode vir a se tornar uma matéria-prima para a produção deste tipo de óleo”.
Segundo informações do jornal Daily Mail, um relatório dos pilotos do avião mostrou que o ritmo de consumo do biocombustível indica que ele é mais eficiente que o combustível tradicional.